segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Encontrar

Voltei a guardar palavras.
Passei um tempo ausente, sem perceber que estava morrendo de saudades do papel.
Deparei-me então com todos aqueles checklists de ano novo... Tantos pensamentos, metas, regimes, pedidos... Fiquei meio atordoada com tanta coisa que tanta gente quer e fiquei a me perguntar se são pedidos universais.
Nesse meio tempo, resolvi passear entre meus primeiros posts, minhas poesias escritas a tanto tempo e as músicas que costumava ouvir. Tanta coisa aconteceu em tão pouco tempo que confesso nem ter assimilado tudo.
Encontrei o texto de uma amiga e nele estava minha palavra de 2011. Sim, porque se é cultura ter planos, metas e etc, eu terei uma palavra. Este novo ano, é meu ano do Encontro.
Depois de tanto tempo limpando os vidros e deitando os escudos, sinto ser a hora de encontrar.

Responsável pela rosa, gosto de ovos mexidos.

domingo, 3 de outubro de 2010

uma delicadeza qualquer

Manter a calma e o tom da voz.

Assim te respeito e te envolvo em delicadeza, mesmo quando tuas palavras cortam e teus gesto machucam.
Não sei amar, senão tendo respeito por ti.
Seu direito de gritar e é o mesmo que eu tenho de respeitar seu momento.
E por que isso incomoda tanto?

Diante de sua face vermelha e suas palavras afiadas
meu coração de desfalece em lágrimas
e ainda assim,
não deixo de amar.
Loucura de alguém que não sabe fazer diferente.
Amo assim.
Isso não é barato, nem caro.
Eu sou assim.

E veja você como são as coisas?
Meu amor te soa como desamor.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O apanhador de desperdícios

Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água, pedra, sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que a dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos,como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor meus silêncios.

Manoel de Barros

sexta-feira, 30 de julho de 2010

notícias do lado de cá

A história segue assim.
A promessa continua a ser proferida.
A surpresa agora tem vínculos
O esquisito está trabalhando
A lenta lançou um belíssimo livro
E eu? Sigo no rumo de delicadezas.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

relendo versos


e hoje, quem visita as cartas sou eu.

tempos bons

serei clara dessa vez. sem meio termo, sem rodeios, sem melindres.
ando com saudades.
sei que sou racional e geralmente não adimito tão facilmente algumas coisas.
mas, eis-me aqui, confessando algo tão sutil e delicado.
houveram tempos doces, não que este não seja, mas havemos de se respeitar o que vivemos.
os sorrisos simples e sinceros, as brincadeiras, as longas tardes.
é, meu povo, vocês deixaram saudades.
espero que estejam bem e que os tempos sejam cada vez melhores.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

como quizer, ou puder

é só me dizer, estou aqui para isso
que parte quer tirar?
do que já cansou?

quer que tome suas memórias?
seu pensamentos?
seus sentidos?
sua culpa?

quer que te tome de si?
que te tome de mim?
que te tome?

não quer mais ser bom?
não quer mais ser ruim?
não quer mais ser um?

diga.sussurre.expire.

e se possível, não se assuste tanto com suas repostas.

sábado, 22 de maio de 2010

Aquela aqui

Aquela menina não trouxe palavras
trouxe um ursinho com marcas do tempo.
Seus olhos não cobravam ou esperavam muita coisa
eles queriam me dizer.
Diante da rotina veloz e atropeladora
me estendeu seu brinquedo
e me conduziu ao seu mundo.
Revi as cenas por olhos distantes
e senti meu corpo pequeno e fragil reagindo.
Queria que ela me explicasse
eu sei que ela já sabe, ela é tão grande perto de mim.
Aquela menina me colocou no colo.
Me senti finalmente parte dela,
ela cuidou da parte que sou.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Leve

Leve seu cabelo novo e faça dele algo leve
leve sua mente
leve sua ironia...

segunda-feira, 29 de março de 2010

Amanhã de manhã

Menina amanhã de manhã (Tom Zé e Perna)

Menina amanhã de manhã
Quando a gente acordar quero te dizer
Que a felicidade vai desabar sobre os homens
Vai desabar sobre os homens
Vai desabar sobre os homens

Na hora ninguém escapa
Debaixo da cama, ninguém se esconde
A felicidade vai desabar sobre os homens
Vai desabar sobre os homens
Vai desabar sobre os homens

Menina, ela mete medo
Menina ela fecha a roda
Menina não tem saída
De cima, de banda ou de lado
Menina olhe pra frente
Menina, todo cuidado
Não queira dormir no ponto
Segure o jogo, atenção de manhã

Menina a felicidade
É cheia de praça, é cheia de traça
É cheia de lata, é cheia de graça

Menina a felicidade
É cheia de pano, é cheia de peno
É cheia de sino, é cheia de sono

Menina a felicidade
É cheia de ano, é cheia de eno
É cheia de hino, é cheia de ono

Menina a felicidade
É cheia de an, é cheia de en
É cheia de in, é cheia de on

Menina a felicidade
É cheia de a, é cheia de é
É cheia de i, é cheia de ó

domingo, 28 de março de 2010

Get a bike!




Descobri uma forma mais leve, divertida e emocionante de seguir o caminho: vou de bicicleta.

Palavras

Respeito as palavras. Por isso as manuseio com cuidado.
Por outro lado gosto tanto de suas formas e sons que brinco com suas misturas.
Difícil entender o que junto ou separo, pelo menos no início. Até porque às vezes não pretendo ser entendida. Gosto só da sensação que fica quando se lê.

Sei que algumas combinações acalentam, descansam o coração e confortam os olhos. Mesmo que o conjunto não seja completamente lógico, algumas palavras compreendidas já são o bastante.
Sei também que outras frases nos confundem e deixam a cabeça com a sensação de vazio, confuso. Com a impressão de que existe algo lá, mas nossos olhos não serão capazes de ver.

Quantas infinitas sensações somos capazes de encontrar?
Quantas combinações de letras, frases e versos conseguimos fazer?

sábado, 27 de março de 2010

Por que as coisas são infinitas?


Por que será que quando estamos fazendo algo aquilo parece infinito?
Então, em uma idéia brilhante, terminamos e esse outro tempo também é infinito?!
O que seria esse tempo afinal? Um eterno repleto de infinitos?

quinta-feira, 25 de março de 2010

Desenhar palavras

Um dos grandes mistérios da vida quando eu era criança eram as letras. Essas figuras que usamos para desenhar as palavras. Isso que parece tão comum e um dia já foi tão estranho.
Eu escrevia de formas diferentes, desenhava em linguagens diferentes mas era a única a saber ler.
Sabe, às vezes ainda faço assim.
Apesar de usar as letras socialmente conhecidas, em uma linguagem que segue determinada norma, em certos momentos é como se meus sentidos se distanciassem muito dos significados mais acessíveis.
Gosto de colocar idéias soltas no papel e me diverto olhando as pessoas em suas leituras. As possíveis interpretações e leituras do que desenhei em um rascunho qualquer.


Escrevo porque gosto de como as palavras se comportam quando brinco com suas combinações. Desenho palavras porque gosto de dizer ao papel.

E você? Escreve pra quê?

domingo, 21 de março de 2010

Se ele voltar

Se o silêncio um dia retornar
quero que saibas que existe em mim
um grito de vida. Uma voz
que mesmo silente não se cala.

Se os olhos secarem
ou eu ficar trancada em um quadro qualquer,
acredite que amo em cores
e não reduzo sentimentos.

É que às vezes preciso parar.
É que às vezes só sei parar.

Quando o silêncio voltar
quero que esteja aqui.
E que possa ver em mim
o que por ventura já não possa ouvir.
Os olhos vermelhos voltaram

Grande festa se fez. Há quem tenha até acreditado que de tão cinzas e distantes não haveria de existir vida ali.
Contrariando o quase evidente, os olhos vermelhos voltaram.
Trazendo consigo a ingenuidade de risadas altas, passos soltos, gestos expressivos e a capacidade de se abrir.
Seria o fim da estação?

quarta-feira, 10 de março de 2010

Você consegue?



Oi você!
Andei um tempo sumida e volto com uma pergunta recente.

Você consegue ouvir?

Isso vai para além do fisiológico. Você consegue se abrir, e ao mesmo tempo se calar, para conseguir essa magia de simplesmente ouvir?
Como se isso fosse simples...

Li algumas coisas sobre isso, já ouvi algumas pessoas falando sobre o assunto mas recentemente andei gritando diante de uma pessoa surda.
Eu e mais pelo menos umas trinta pessoas... Pedindo ajuda e tentando estabelecer um diálogo.
E imagina só, não conseguimos!
Simplesmente porque algumas pessoas já não escutam mais.

Quantas coisas perdemos com isso!


...E a delicadeza perdura, na tentativa de alcançar o outro e ver realmente existir uma troca.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Fim

Hoje tive o privilégio de assistir ao fim.
Estive por algumas horas assistindo a um ritual de lembrar o trajeto, analisar os resultados e certificar que algo acabou.
Claro que a lembrança permanece, talvez até a curiosidade pelo que viria após aquilo tudo.
Mas foi claro, essa foi a manhã em que esse processo teve seu fim.

O que virá agora?
"Tudo novo de novo" ou um caminho outro.
As pessoas nunca saem intactas de tudo isso, mas elas saem.
E pude ver a alegria e a comemoração de todos que se envolveram ao vislumbrar os belos frutos.


A delicadeza, assim como a beleza, do fim é singela.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Portas

Imagine ...
descobrir que mudaram o segredo da porta que você tanto usou.
estar na porta de alguém e ter essa fechada em sua cara.
no meio de uma discussão ouvir a porta violentamente interrompendo a conversa
estar com a mão cheia de coisas e não poder abrir a porta
não estar autorizado a abrir aquela porta
não ter a liberdade de trancar a porta de vez em quando...

Andei pensando nisso que é tão corriqueiro que às vezes foge de questionamentos. Em tudo que dizemos ou sentimos quando nos deparamos com uma porta. Seja ela metafórica ou não.

Quer tentar ser delicado?
Preste atenção às portas.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Oi você! Aceita um café?




Hoje pedacinhos do céu derreteram. No meio, quase fim da tarde. A chuva desabou sobre nós, e nos obrigou a parar.
Onde você estava? Eu estava entre livros, no centro da cidade, vendo as pessoas passarem.
As lojas encheram, os restaurantes, os cafés.
Várias pessoas procurando abrigo e olhando ansiosamente para a chuva. Ela não cedeu.
E qual era o grande problema? Alguns de início se irritaram, fizeram careta, reclamaram.
Aos poucos o cheiro de café surgiu, preenchendo os ambientes. Desistentes sentaram, grupos se formaram e a cuiabania voltou a sua rotina.
Não aquela loucura de trânsito e preocupações. Mas a do café da tarde, e das boas conversas.
Homens de terno e alguns uniformizados contando da vida, do carro, do jogo, da rua. Adolescentes rindo de histórias e as mulheres se juntando as mesas, trocando ideias, opiniões e notícias. Por um instante, o tempo pode até ter parado, nenhum deles se importou.
A chuva cessou e o céu fez um espetáculo ao pôr-do-sol. E só então, um pouco mais leves, seguimos nossos caminhos.

Ainda bem que nem sempre as coisas seguem nossos planos.

Afinal, se seguissem, como seríamos surpreendidos por momentos tão delicados?

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Hunf!



Oi você!


Terminei a leitura de um livro. Agosto de Rubem Fonseca. Um daqueles envolventes e quase sinceros. O fim? Bem, digamos que não poderia ser diferente.
A história fala dos últimos dias de Getúlio, da polícia, do sistema. Muitas pessoas envolvidas, entre elas o comissário Mattos. Um cara envolto por um sistema corrompido e amigos já vendidos.
Um comissário fiel as leis, fime, incorruptível e delicado.
Para quem pensa que delicadeza é sinônimo de fraqueza, um perfeito exemplo do contrário.
Acredito na delicadeza, acredito que vale a pena ser delicado.

Como escreveu Affonso Romano de Sant'Anna em "Tempo de delicadeza" :

"Há pessoas que perdem lugar na fila, por delicadeza. Outras, até o emprego. Há as que perdem o amor por amorosa delicadeza. Sim, há casos de pessoas que até perderam a vida, por pura delicadeza."



A delicadeza de hoje, um amigo me acompanhou por longas horas. Brincando de sonhar. Inventando novas rotinas e me fazendo rir.
Existe coisa mais divertida do que rir de todas as coisas que poderiam ser feitas?
Já tentou brincar disso?

Pelo menos já sei que não vou jogar rugbi, estou com saudades das pizzas de sp e daquele preto velho, amigo de todas as horas.


Um preguiçoso e carinhoso hunf!
 
Mártir da delicadeza - temas blogspot - mario jogos