
Hoje pedacinhos do céu derreteram. No meio, quase fim da tarde. A chuva desabou sobre nós, e nos obrigou a parar.
Onde você estava? Eu estava entre livros, no centro da cidade, vendo as pessoas passarem.
As lojas encheram, os restaurantes, os cafés.
Várias pessoas procurando abrigo e olhando ansiosamente para a chuva. Ela não cedeu.
E qual era o grande problema? Alguns de início se irritaram, fizeram careta, reclamaram.
Aos poucos o cheiro de café surgiu, preenchendo os ambientes. Desistentes sentaram, grupos se formaram e a cuiabania voltou a sua rotina.
Não aquela loucura de trânsito e preocupações. Mas a do café da tarde, e das boas conversas.
Homens de terno e alguns uniformizados contando da vida, do carro, do jogo, da rua. Adolescentes rindo de histórias e as mulheres se juntando as mesas, trocando ideias, opiniões e notícias. Por um instante, o tempo pode até ter parado, nenhum deles se importou.
A chuva cessou e o céu fez um espetáculo ao pôr-do-sol. E só então, um pouco mais leves, seguimos nossos caminhos.
Ainda bem que nem sempre as coisas seguem nossos planos.
Afinal, se seguissem, como seríamos surpreendidos por momentos tão delicados?